Concreto exposto a ambientes agressivos
em: 07/06/2020

Concreto exposto a ambientes agressivos

Cuidados para resistir a ambientes marinhos


Estruturas em áreas litorâneas sofrem com a ação de cloretos e sulfatos. Mesmo em ambientes agressivos, a durabilidade pode ser garantida com cobrimentos maiores das armaduras e concretos menos permeáveis O ataque dos íons cloretos atinge rapidamente as armaduras comprometendo a integridade estrutural. Maiores coberturas das armaduras, como preconiza a NBR 6118, e controle da relação água-cimento garantem concretos mais duráveis.

O concreto armado é um dos materiais mais utilizados pela construção, seja para levantar edificações, seja para erguer obras de arte. Muito do sucesso dessa união é justificada pelo fato das armações utilizadas para reforço não requererem, em tese, tratamentos contra corrosão. Tudo graças à elevada alcalinidade do concreto, que favorece a formação de uma película de óxido estável que passiva o aço e impede a progressão da corrosão.

Porém, na prática, essa união nem sempre é harmoniosa. Patologias podem ocorrer quando há vulnerabilidades no sistema, resultantes principalmente de falhas durante a execução e na especificação do concreto, que deve ser adequado à situação de exposição. Nesse sentido, um dos agentes mais agressivos às estruturas de concreto é a atmosfera marinha, onde cloretos de sódio e de magnésio estão em suspensão no ar. No litoral, os sais retirados do mar pelas ondas e transportados pelo ar podem percorrer grandes distâncias e se depositarem sobre o concreto na forma de gotículas de água. O problema maior são os íons cloretos (Cl-), que por ser de tamanho muito pequeno têm elevada mobilidade no interior do concreto.

Segundo escreveu o engenheiro Paulo Roberto do Lago Helene, no livro "Corrosão de Armaduras para Concreto Armado", da PINI, a velocidade de corrosão em ambiente marinho pode ser 30 a 40 vezes maior do que em atmosfera rural. Os danos podem ser ainda mais severos quando a estrutura está sujeita diretamente à variação do nível do mar (efeito splash zone).

Isso porque, além de o ataque de cloretos ser mais intenso, nesses casos, há formação de etringita secundária, material de caráter expansivo, pela reação dos aluminatos do cimento e sulfatos da água do mar. A pressão de cristalização desse componente é muito grande, com expansão de mais de 300%. Assim, quando essa pressão atinge a resistência à tração do concreto, ocorrem as fissurações e o processo de deterioração do concreto se intensifica.

Diante da exposição à maresia, todos os tipos de estrutura de concreto podem sofrer ataques de cloretos, sulfatos e outros agentes agressivos. Entretanto, aquelas com face voltada aos ventos dominantes estão mais suscetíveis, assim como os locais com grande superfície em relação ao volume, pilares e vigas, sobretudo. Quanto mais esbelto for o elemento, mais sério e evidente será o problema.

Outros fatores também podem contribuir para o surgimento de patologias. Lugares por natureza úmidos e com maior risco de condensação, como banheiros, cozinhas e áreas de serviço, costumam apresentar sintomas de corrosão mais rápida e intensa do que em ambientes secos. Da mesma maneira, locais com baixa ventilação estão mais sujeitos à corrosão, pois podem apresentar bolor e fungos que liberam produtos orgânicos ácidos em seu metabolismo.